Árvores podem ter papel menor na redução da mudança do clima

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Após secas, florestas se recuperam com mais lentidão

Existe uma suposição, fornecida por modelos da do clima, de que florestas e outras vegetações se recuperam com rapidez de secas extremas. Mas isto está longe de ser verdade, segundo novo estudo sobre os impactos da seca em florestas de todo o mundo.

Árvores vivas precisaram de uma média de dois a quatro anos para recuperar seu crescimento normal depois do fim das secas, afirmaram ontem pesquisadores na Science.

“Isto realmente importa porque no futuro estes fenômenos devem aumentar em frequência e intensidade devido à mudança do clima”, disse o principal autor do estudo, William R.L. Anderegg, professor de biologia na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, que realizou o trabalho conjuntamente com colegas de várias instituições acadêmicas.

As florestas têm um grande papel em reduzir a mudança do clima induzida pelo homem, ao remover enormes quantidades de carbono da atmosfera, incorporando-as aos tecidos da madeira. A descoberta de que o estresse provocado pelas secas impede o crescimento das árvores por anos sugere que elas são capazes de armazenar menos carbono do que o calculado por modelos anteriores.

“Se isto acontecer, a mudança do clima irá acelerar”, segundo Anderegg. A taxa de recuperação é amplamente desconhecida para a vasta maioria das espécies de árvores. Ele e colegas mediram cuidadosamente a renovação do crescimento dos troncos depois de secas severas desde 1948 em mais de 1.300 regiões florestais no mundo usando dados do Banco de Dados Internacional dos Anéis das Árvores. Estes anéis fornecem uma história do crescimento e rastreiam a absorção de carbono nos ecossistemas onde elas cresceram. Poucas florestas mostraram efeitos positivos, em sua maior parte na Califórnia e no Mediterrâneo.

Ainda, a largura dos anéis indica as temperaturas em torno das árvores, a abundância de luz, a taxa média de chuvas e a umidade do solo. Os anéis tendem a ser mais largos em anos úmidos. Em períodos secos, tendem a encolher.

Pinheiros sofrem os piores impactos pelo modo como absorvem água. No caso das árvores urbanas, o fato de serem regadas não impede o problema da recuperação.

As florestas absorvem cerca de um quarto de todas as emissões de carbono produzidas no mundo anualmente. Funcionam como sorvedouros. “Esta é uma contribuição enorme para a sociedade”, disse Anderegg.

Como exemplo, uma estimativa simples baseada em florestas no sudoeste dos EUA revela que os efeitos da seca podem levar a 3% a menos da absorção de carbono em ecossistemas semi-áridos durante um século, o equivalente a 1.6 gigatoneladas métricas de carbono, quando se considera tais ecossistemas em todo o mundo. Para se ter uma ideia, isto representa um terço de quanto carbono os EUA emitiram com a produção de energia em 2011. E mais: secas matam árvores, que se transformam em emissoras de carbono. “E aí temos um círculo vicioso”, explica o cientista.

Banco Mundial: carvão não é cura para pobreza

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Pobres são os mais prejudicados pelo uso de combustíveis fósseis, diz entidade

O Banco Mundial declarou ontem que o carvão não é cura para a pobreza, rejeitando o principal argumento do setor para a construção de novos projetos de combustíveis fósseis no mundo em desenvolvimento.

Rachel Kyle, enviada de mudança do clima da instituição, renega o discurso das empresas de carvão, petróleo e gás, e afirma que o uso continuado do carvão está tendo um alto custo para alguns dos países mais pobres do mundo, tanto em impactos para a saúde quanto na mudança do clima, que tem consequências ainda mais graves para o mundo em desenvolvimento.

“Temos globalmente de pararmos de depender do carvão”, afirmou Kyle em evento em Washington. Empresas de carvão, petróleo e gás têm um poderoso lobby junto à imprensa e campanhas desmentindo a mudança do clima, da mesma forma que a indústria do cigarro fez décadas atrás, iludindo os consumidores. Segundo elas, suas atividades são uma cura para a “pobreza energética” que impede o desenvolvimento.

Há até afirmações absurdas. A Peabody Energy, maior empresa privada de carvão do mundo, chegou a dizer que o carvão teria prevenido a disseminação do Ebola na África. No entanto, diz Kyle, o carvão é parte do problema, não de uma solução mais ampla.

“Há mais de um bilhão de pessoas no mundo sem acesso à energia”, afirmou. “Se todas elas tivessem acesso à energia movida a carvão amanhã, suas doenças respiratórias aumentariam de imediato. Precisamos estender o acesso a elas da maneira mais limpa possível.”

O Banco Mundial vê a mudança do clima como indutor da pobreza, ameaçando décadas de desenvolvimento. E tem apoiado fortemente os esforços para se chegar a um tratado mundial em Paris, no final do ano, limitando o aquecimento global a 2ºC até o final do século, sobre níveis pré-industriais. No entanto, acredita Kyle, nem esta meta será necessária para evitar consequências mais severas para os pobres. Cientistas acreditam que o planeta ultrapassará em muito esta marca no período.

A Peabody lançou uma ofensiva global de relações públicas sobre a “pobreza energética”, argumentando que os preços baixos do carvão e petróleo são benéficos. Porta vozes da Shell têm afirmado que os esforços de cortar a utilização de combustível fósseis no mundo em desenvolvimento são um “colonialismo energético”.

Os Estados Unidos pararam de investir em novas usinas de carvão em, 2011, e pediram a importantes instituições como o Banco Mundial que fizessem o mesmo. O banco emprestava dinheiro para tais projetos até três anos atrás, e só parou depois de protestos da Grã-Bretanha, EUA e Holanda para que cessassem a prática, após decisão de financiamento de nova usina na África do Sul. Ainda assim, segundo Kyle, isso seguiria acontecendo em circunstâncias mais isoladas.

No caso do Brasil, apenas 6% de sua matriz energética é constituída de carvão. O país importa metade de suas necessidades, e 85% de seu consumo serve para abastecer usinas termelétricas. O restante é utilizado nos setores de cimento, papel e celulose, cerâmica, alimentos e na secagem de grãos.

40% dos adultos no mundo nunca ouviram falar da mudança do clima

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Percentual chega a 65% em países em desenvolvimento

Os números são resultado de uma análise da consciência e da percepção de risco da mudança do clima publicada ontem na Nature Climate Change. O percentual chega a mais de 65% em países em desenvolvimento como Egito, Bangladesh e Índia, mas está em apenas 10% na América do Norte, Europa e Japão.

Assim, as estratégias para envolver populações em ações contra a mudança vai variar de país a país. Em muitos países da África e da Ásia, por exemplo, o risco do clima é mais percebido por mudanças notáveis nas temperaturas locais. Nos Estados Unidos, América Latina, Europa e China, porém, a compreensão de que a mudança do clima é causada por humanos aumenta a percepção pública.

“O contraste entre estas nações foi impressionante”, disse Anthony Leiserowitz, diretor do Programa de Comunicação da Mudança do Clima da Universidade Yale e co-autor do estudo.

Esta é uma questão muito relevante. As informações podem ajudar cientistas a se comunicar melhor com o público e ajudar organizações a entender quais fatores irão levar as pessoas a falar do aquecimento global como uma ameaça séria.

Até agora, a maior parte das pesquisas de atitudes públicas sobre o assunto focavam nas nações ocidentais, deixando os cientistas com poucos dados sobre o que se passa em outras partes do mundo. O estudo focou em duas questões principais: que fatores influenciam a consciência das pessoas e, se elas sabem do fenômeno do aquecimento, quais fatores dão a percepção do tamanho do risco. Os pesquisadores descobriram que, mundialmente, a educação é o fator chave.

O estudo utiliza dados de uma pesquisa do instituto Gallup feita em 2007 e 2008, que ouviu pessoas de 119 países. Primeiro, classificou os respondentes como conscientes ou não da mudança do clima. Depois, no caso daqueles conscientes, se acreditavam se o risco era sério ou não. Foram ainda incluídos outras características dos participantes, como seu bem estar físico e social, seu acesso à comunicação e suas crenças em outras questões ambientais.

O trabalho inclui uma comparação entre EUA e China, e aponta que no primeiro país os fatores principais são engajamento cívico, acesso à comunicação e educação, enquanto que na China são educação, localização geográfica (a consciência é maior em centros urbanos) e nível de renda.

Quando se trata da percepção de risco, em ambos os países as populações são fortemente influenciadas por acreditarem ou não que a mudança do clima é causada por humanos. Mas os dados diferem em outras dimensões. Os americanos tendem a perceber um risco sério se sentem que as temperaturas locais estão ficando mais quentes. E a percepção é maior se não estão satisfeitos com a forma com a qual o governo trata de outras questões ambientais. Há também uma variação na posição política. Mas Leiserowitz alerta que a adesão a ela pode não ser um bom indicador de risco em todos os lugares. Na China, por exemplo, a população está mais ligada na qualidade do ar e da água, o que enfatiza a importância de problemas locais.

Tigres de Bengala começam a desaparecer de Bangladesh

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Número verificado é muito menor do que se esperava

Os Sundarbans são uma enorme floresta de mangues no delta dos rios Ganges, Brahmaputra e Meghna, na Baía de Bengala. Em sua parte em Bangladesh vive uma população do tigre real de Bengala. Ela está desaparecendo.

Uma pesquisa recente mostra que há apenas 100 deles vivendo na floresta, e que o número é muito menor do que se pensava. Durante o censo anterior, de 2004, havia 440 tigres nos Sundarbans, um patrimônio mundial. É um dos últimos habitats remanescentes da espécie.

Parte da queda verificada, dizem especialistas, se deve a uma questão de metodologia, e que desta vez foram utilizadas câmeras de vídeo para a verificação, e não seus rastros. Com a tecnologia, os números são mais acurados.

“Temos mais ou menos 106 tigres em nossa parte da floresta”, disse Tapan Kumar Dey, responsável por conservação do governo de Bangladesh, referindo-se à pesquisa, que durou um ano e terminou em abril. Os números ainda não foram divulgados oficialmente, afirmou ele à Agência France Presse.

Há 74 tigres na parte indiana dos Sundarbans, que perfaz 40% da floresta e se espalha por um área de 10.000 quilômetros quadrados. A maior população deles, de 2.226, (Panthera tigris tigris) vive na Índia, com comunidades menores em Bangladesh, Nepal, Butão, China e Mianmar.

Monirul Khan, professor de zoologia da Universidade Jahangirnagar, diz que o levantamento confirma seus maiores temores. “Parece que a população declinou mais do que temíamos”, afirmou, acrescentando que seus estudos mostravam um número não maior que 200.

Segundo Khan, o governo deveria fazer mais para proteger os tigres, cujos números encolhem com a caça ilegal e o desenvolvimento urbano nas bordas da floresta. A população mundial deles caiu de 100.000 em 1900 para 3.200 hoje, e a espécie corre grave risco de se tornar extinta, de acordo com o World Wildlife Fund.

O tigre de bengala é o animal nacional de Bangladesh, e é considerado o segundo maior dos tigres, atrás dos siberianos, informa o Bangkok Post.

Acidificação do mar ameaça base alimentar do oceano

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Microorganismos têm papel crucial na vida marinha

Cientistas alertaram na semana passada que a acidificação dos oceanos está impactando organismos em nosso oceano conhecidos como fitoplânctons. Eles têm papel crucial nos habitats marinhos, e qualquer mudança futura nos números de espécies pode ter grande impacto sobre eles.

Segundo pesquisa publicada pelos pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) na Nature Climate Change, a acidificação – na qual o oceano absorve gases como CO2 e dióxido de enxofre liberados pela queima de combustíveis fósseis – aumentará de tal forma até 2100 que diversas espécies de fitoplânctons irão se extinguir, tirando de diversas espécies marinhas maiores sua fonte de alimentação. E outros tipos do organismo irão crescer rapidamente em número, ameaçando o equilíbrio delicado de habitats marinhos. e até colocando potencialmente em riscos populações de pássaros que dependem da vida no mar.

Os fitoplânctons são organismos que funcionam quase da mesma maneira das plantas que conhecemos. Contêm clorofila e dependem da luz do sol. Por esta razão, tendem a flutuar perto da superfície. Também absorvem nutrientes como nitratos, fosfatos e enxofre.

Os pesquisadores compararam a resposta dos fitoplânctons não apenas à acidificação dos oceanos, mas também ao aumento de temperaturas e o baixo fornecimento de nutrientes. Usaram um modelo numérico para mostrar, por exemplo, como eles irão migrar de forma significativa em direção aos polos, em um planeta mais quente. Mas os efeitos mais dramáticos virão mesmo da acidificação.

“Sempre fui uma total crente na mudança do clima, e tento não ser alarmista, porque não é bom para ninguém”, disse Stephanie Dutkiewicz, do Centro de Ciências da Mudança Global do MIT, e principal autora do estudo. “Mas na verdade fiquei chocada com os resultados”.

“Normalmente”, diz ela, “com o tempo evolucionário, as coisas chegam a um ponto estável no qual muitas espécies podem conviver. Com a perda da estabilidade, algumas vão desaparecer em um ambiente competitivo”. Geralmente, por exemplo, um urso polar come coisas que começam a se alimentar de uma diatomácia, e provavelmente não por coisas alimentadas com Prochlorococcus (provalmente o mais abundante organismo fotossintético do planeta e responsável por parte significativa da fotossíntese nos oceanos do planeta). “Toda a cadeia alimentar vai ser diferente.”

Quem acabou com os mamutes?

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Não foram os caçadores. Foi a mudança do clima

Os humanos, como se sabe, estão destruindo o planeta, sua flora, fauna e esgotando os recursos naturais, com um comportamento suicida. Mas a mudança do clima já tinha provocado desastres muito antes de estarmos envolvidos. É muito provável que tenha sido ela, e não as lanças dos caçadores, que levou os mamutes à extinção. Eram os maiores mamíferos da Terra, com 5 metros e altura e peso entre 15 e 20 toneladas.

Existe a crença de que caçadores do Pleistoceno levara à extinção de parte da megafauna do planeta, há 11.000 anos. Mas uma alternativa passou a ocupar seu lugar com avanço nos registros do paleoclima: a mudança rápida do clima pode ter sido a responsável. Um estudo publicado semana passada na Science oferece mais detalhes.

Com o uso de registros do paleoclima e análise de DNA, a equipe de pesquisadores descobriu que eventos curtos e rápidos de aquecimentos no Pleistoceno (60.000 a 12.000 anos) coincidiram com mortes em massa da espécie. Humanos podem ter dado os últimos toques.

Até recentemente, paleontologistas dependiam de registros fósseis e geológicos para estudar a ascensão e queda dos grandes mamíferos. Mas, recentemente, a capacidade de extração e sequenciamento de DNA de tempos pré-históricos teve um grande avanço, dando a cientistas uma ferramenta poderosa de investigação.

É claro que se pode dizer que isso não passa de evidência de que mudanças abruptas do clima e extinções de espécies são fenômenos naturais do clima, e foram mesmo, em grande parte do curso da história. Agora, são humanos que provocam as alterações, e isto pode nos dizer algo sobre nosso futuro. Pode ser difícil perceber o que está acontecendo ao nosso redor, mas em algumas regiões do planeta o aquecimento induzido pelo homem ocorre com a mesma velocidade.

O estudo é o primeiro a ligar eventos específicos do clima com o fim localizado da megafauna. Foram selecionados períodos específicos e de curto prazo que podiam envolver aumentos de temperaturas de até 1.6ºC em décadas. De acordo com os autores, estas alterações tiveram um efeito na vegetação, e a megafauna não conseguiu se adaptar rápido o bastante.

Europa recomenda uso de primeira vacina contra malária

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Droga resolve parcialmente o problema, mas é primeiro passo importante

A agência reguladora de medicina europeia está recomendando que a primeira vacina contra malária do mundo seja licenciada, embora seja apenas 30% eficaz e sua proteção desapareça gradualmente com o tempo. O órgão afirmou hoje que tinha “adotado uma opinião científica positiva” para o uso da vacina fora da União Europeia, em um processo regulatório que acelera o surgimento de novas drogas no mercado.

A vacina, conhecida como Mosquirix, protege apenas um terço das crianças, mas pode ajudar a salvar muitas delas. “Não é a grande revolução que esperávamos”, disse Martin De Smet, especialista em malária da Médicos Sem Fronteiras. “Desaponta, mas é um importante passo à frente”, afirmou ele, notando que em novembro a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendará como a vacina deveria ser usada.

A OMS tinha anteriormente estabelecido uma meta de 2015 para uma vacina que fosse pelo menos 50% eficaz para proteção de mais de um ano.

Mesmo que ela não tenha sido cumprida, Smet disse que não era uma perda de tempo, uma vez que poderia reduzir a enorme carga da doença. Há 200 milhões de casos no mundo e mais de 500.000 mortes todo ano, principalmente de crianças africanas. “Isto vai fazer uma grande diferença em lugares onde crianças têm de quatro a seis episódios por ano”, disse ele, acrescentando a necessidade de outras ferramentas de proteção, como redes e inseticidas.

Além da União Europeia, autoridades reguladoras nacionais teriam de avaliar a medicação em qualquer país que desejar usá-la. De acordo com a OMS, isto significa que seu uso disseminado não vai acontecer até pelo menos antes de 2017.

Alguns especialistas expressaram preocupação de que as complexidades, custo potencial de distribuição e preço da primeira vacina vão torná-la menos atraente e mais arriscada.

Que tipo de música você curte?

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Gosto indica tipos de personalidade

Quem diria. Fãs de Sex Pistol são organizados. Os de Taylor Swift possuem mais empatia, da mesma forma que os que ouvem Norah Jones. Os que têm empatia respondem melhor a emoções. Mas quem gosta de Metallica, os sistematizadores, tendem a analisar mais padrões e regras.

“Embora o gosto musical das pessoas flutue com o tempo, descobrimos que os níveis de empatia e estilo de pensamento de uma pessoa prevêm o tipo de música de que gosta”, disse ontem David Greenberg, da Universidade de Cambridge, líder de um estudo sobre o tema.

Na última década, pesquisadores têm argumentado que preferências musicais refletem explicitamente características como idade e personalidade.

Mas a equipe de Greenberg queria saber como nossos “estilos cognitivos” influenciam escolhas musicais. Os pesquisadores usaram em seu estudo 4.000 participantes, recrutados em grande parte através do aplicativo myPersonality, do Facebook.

Os dados são importantes para a indústria da música. Na era digital, há diversos algoritmos e estudos de marketing para determinar padrões de consumo. As canções que você coloca em seu telefone podem dizer muito a executivos de marketing.

Cada participante recebeu um questionário que mede certos traços de personalidade, em um teste psicológico conhecido como Revised NEO Personality, que examina personalidades segundo os graus de elementos como neuroses, extroversão, abertura a experiências, amabilidade e consciência.

Depois, fizeram um outro teste, desta vez sobre suas preferências musicais. Cada um deles deu uma nota a trechos de 15 segundos de 50 músicas diferentes, representando 26 diferentes gêneros e subgêneros.

Os autores do trabalho dizem que aqueles com mais empatia gostam de gêneros mais suaves, como R&B e soft rock, “despretensiosos”, como acid jazz, folk, contemporâneo e Euro Pop. Os que têm um modo de pensar mais “sistemático” que foca mais em regras e estruturas preferem música mais intensa.

Ao mergulhar mais fundo nos dados, os pesquisadores fizeram mais descobertas interessantes. Pessoas com mais empatia também gostam de música que exibe menos energia, mais profundidade emocional e emoções negativas, como tristeza e depressão. Os sistemático são quase o oposto. Escolhem mais energia, pensamento positivo e um “alto grau de profundidade e complexidade cerebral”.

Se você gosta de Nora Jones, Queen e Billie Holiday, provavelmente tem mais empatia. Mais se prefere ouvir Vivaldi, Sex Pistols ou Metallica, deve ser um pensador mais sistemático.

As pessoas estão perguntando ao Google: a mudança do clima é real?

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É, e as coisas podem piorar

Este ano deve bater novo recorde de altas temperaturas. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA divulgou esta semana dados de junho, segundo os quais este foi o junho mais quente da história. E agora as pessoas recorrem ao Google para perguntar sobre a mudança do clima – o que é, se é real e como impedi-la.

Pesquisas por “mudança do clima” tiveram alta notável em 18 de junho, quando o papa Francisco divulgou uma encíclica, há muito esperada, denunciando-a como uma crise global ambiental urgente.

O mecanismo de busca mostra uma alteração em como as pessoas se referem ao tema. “Aquecimento global” não é mais um termo muito usado. O interesse em “aquecimento global” teve seu auge em março de 2007, quando um painel da ONU declarou que o fenômeno “muito provavelmente” era causado pelo aumento de gases de efeito estufa emitidos pelo uso de combustíveis fósseis.

Agora, em um estudo divulgado esta semana, o consagrado cientistas do clima James Hansen volta à carga em seu estilo incisivo. Ele e colegas alertam que o plano atual internacional para limitar o aquecimento global não é nem de longe suficiente para evitar desastres como o derretimento irreversível de gelo e o consequente aumento do nível do mar. Hansen disse em uma entrevista coletiva ontem que esperava que seu estudo influenciasse a conferência do clima da ONU em dezembro, em Paris, e que os negociadores reconsiderassem sua meta de manter o aquecimento a menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, uma meta louvável mas insuficiente, segundo grande parte da comunidade científica.

O novo estudo, que inclui 300 referências e tem 66 páginas, argumenta que a meta é de fato “altamente perigosa”. Nesta temperatura, afirma, o derretimento de camadas de gelo provoca o chamado feedback positivo, ou seja, um fenômeno que se alimenta crescendo em proporção. Uma meta muito melhor, diz Hansen, seria retornar os gases na atmosfera a 350 partes por milhão (ppm). Hoje são 400 PPM.

Os pesquisadores apresentaram seu argumento descrevendo em parte dados paleoclimáticos de um período interglacial que durou de 130.000 a 115.00 anos atrás. Durante este tempo, as temperaturas foram menos de 1ºC mais quentes do que são hoje, mas o nível do mar permaneceu de 5 a 9 metros mais alto, devido ao derretimento de gelo em grande escala.

Outros cientistas concordam que a discussão é crucial. “Com muita frequência, nos debates sobre os riscos da mudança do clima, o ponto de partida é a suposição de que apenas acima de 2ºC teremos um risco à humanidade”, disse o cientista do clima Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia. “Estenovo artigo defende de forma plausível que mesmo um aquecimento de 2ºC seria extremamente perigoso para ser permitido”.

Papa reúne cidades contra a mudança do clima

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Francisco quer manter aceso debate para conferência do final do ano em Paris

O papa Francisco, cuja liderança tem sido surpreendente em várias frentes, reuniu prefeitos do mundo em encontro de dois dias que começa hoje no Vaticano. Alguns achados: uma cidade proibiu o uso de isopor. Outra tem o maior índice de carros “limpos” na Europa. Uma terceira cortou suas emissões de gases de efeito estufa em 29% desde 1990, enquanto seu crescimento econômico foi de 19%.

Dezenas de prefeitos se aproveitam do prestígio ecológico do pontífice para se comprometer com a redução do aquecimento global e ajudar os pobres de áreas urbanas a lidar com seus efeitos. É a mais recente, e talvez a mais importante iniciativa do Vaticano para manter viva a discussão sobre o clima, antes da conferência sobre o tema em Paris, em dezembro, de onde se espera saia um acordo global para salvar a humanidade dos piores impactos.

Os prefeitos pedem a seus líderes nacionais, em declaração assinada hoje, que aprovem um acordo “vigoroso” do clima que mantenha o aquecimento em um nível seguro.

A declaração final afirma que a “mudança do clima induzida pelos homens é uma realidade científica e seu controle eficaz é um imperativo moral para a humanidade”. O documento pede incentivos financeiros para a transição ao baixo carbono e a mudança de investimentos em armamentos para o desenvolvimento sustentável, com a ajuda dos países mais ricos aos mais pobres.

Estão no encontro, entre outros, os prefeitos de São Paulo, Rio de Janeiro, Boston, Boulder, Nova York, Oslo, San Francisco, Estocolmo e Vancouver. Muitos pertencem à Aliança das Cidades de Carbono Neutro, cujos membros se comprometeram com uma redução de gases de efeito estufa de pelo menos 80% até 2050, ou antes disso.

Há também autoridades do mundo em desenvolvimento, como do Gabão, Costa Rica e Índia. Especialistas apontam há tempos que as cidades são cruciais por produzirem quase três quartos das emissões globais. Em seu manifesto no mês passado, o papa culpou o aquecimento global pelo modelo econômico injusto baseado em combustíveis fósseis, que afeta mais severamente os pobres. Muitos conservadores disseram na época que as declarações eram irresponsáveis.

O Vaticano já envolveu em seus esforços cientistas detentores do prêmio Nobel, líderes religiosos, a liderança da ONU, empresas sustentáveis e a importante militante ambiental Naomi Klein.

“Eles não podem se dar ao luxo de um debate falso sobre a realidade do problema”, disse Alden Meyer, da Union of Concerned Scientistas, ativa há décadas nas negociações do clima. “Já estão enfrentando as consequências”.