Papa reúne cidades contra a mudança do clima

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Francisco quer manter aceso debate para conferência do final do ano em Paris

O papa Francisco, cuja liderança tem sido surpreendente em várias frentes, reuniu prefeitos do mundo em encontro de dois dias que começa hoje no Vaticano. Alguns achados: uma cidade proibiu o uso de isopor. Outra tem o maior índice de carros “limpos” na Europa. Uma terceira cortou suas emissões de gases de efeito estufa em 29% desde 1990, enquanto seu crescimento econômico foi de 19%.

Dezenas de prefeitos se aproveitam do prestígio ecológico do pontífice para se comprometer com a redução do aquecimento global e ajudar os pobres de áreas urbanas a lidar com seus efeitos. É a mais recente, e talvez a mais importante iniciativa do Vaticano para manter viva a discussão sobre o clima, antes da conferência sobre o tema em Paris, em dezembro, de onde se espera saia um acordo global para salvar a humanidade dos piores impactos.

Os prefeitos pedem a seus líderes nacionais, em declaração assinada hoje, que aprovem um acordo “vigoroso” do clima que mantenha o aquecimento em um nível seguro.

A declaração final afirma que a “mudança do clima induzida pelos homens é uma realidade científica e seu controle eficaz é um imperativo moral para a humanidade”. O documento pede incentivos financeiros para a transição ao baixo carbono e a mudança de investimentos em armamentos para o desenvolvimento sustentável, com a ajuda dos países mais ricos aos mais pobres.

Estão no encontro, entre outros, os prefeitos de São Paulo, Rio de Janeiro, Boston, Boulder, Nova York, Oslo, San Francisco, Estocolmo e Vancouver. Muitos pertencem à Aliança das Cidades de Carbono Neutro, cujos membros se comprometeram com uma redução de gases de efeito estufa de pelo menos 80% até 2050, ou antes disso.

Há também autoridades do mundo em desenvolvimento, como do Gabão, Costa Rica e Índia. Especialistas apontam há tempos que as cidades são cruciais por produzirem quase três quartos das emissões globais. Em seu manifesto no mês passado, o papa culpou o aquecimento global pelo modelo econômico injusto baseado em combustíveis fósseis, que afeta mais severamente os pobres. Muitos conservadores disseram na época que as declarações eram irresponsáveis.

O Vaticano já envolveu em seus esforços cientistas detentores do prêmio Nobel, líderes religiosos, a liderança da ONU, empresas sustentáveis e a importante militante ambiental Naomi Klein.

“Eles não podem se dar ao luxo de um debate falso sobre a realidade do problema”, disse Alden Meyer, da Union of Concerned Scientistas, ativa há décadas nas negociações do clima. “Já estão enfrentando as consequências”.

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